Projeto de casas de baixo padrão criado pelo escritório 24.7 Arquitetura para o concurso da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) l Imagem: 24.7 Arquitetura
“A arquitetura é uma atividade da construção civil que é conhecida como a atividade dos 40, por consumir 40% dos recursos, por emitir 40% dos gases poluentes e por consumir 40% da energia que a gente produz”, explica o arquiteto especializado em bioclimatismo, Giuliano Pelaio, acrescentando que este é um número do qual ele não quer fazer parte.
Através de um projeto bem elaborado, de acordo com as necessidades do morador e das condições locais, é possível minimizar esses percentuais e também oferecer maior qualidade de vida a quem irá habitar o empreendimento.
Pelaio explica que “a arquitetura bioclimática está muito ligada a três grandes fatores: tem que ser capaz de gerar, acumular e transmitir o calor no inverno e o frescor no verão”. Além disso, essas construções precisam considerar a otimização de recursos e materiais, a diminuição do consumo energético e ser uma estrutura com baixos índices de manutenção durante a sua vida útil.
Ao contrário das certificações, que normalmente elevam os custos das construções, a arquitetura bioclimática pode ser aplicada em construções de todos os padrões, sem custos adicionais. “De 80% a 90% da sustentabilidade de uma edificação provém de decisões de projeto, que não custam mais nada”, explica o arquiteto, que ainda não concorda totalmente com as certificações, por não haver nenhum selo que leve em consideração a realidade climática brasileira em sua totalidade.
O projeto de casas de baixo padrão criado pelo escritório 24.7 Arquitetura, do qual Pelaio é sócio, para o concurso da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), prova que é possível construir de maneira sustentável e econômica.
No projeto as casas são pensadas considerando todos os conceitos do bioclimatismo, aliado também ao design contemporâneo e particularidades que permitem a personalização das casas, fato inovador no que diz respeito às casas populares. “O intuito é permitir que as casas tenham a identidade dos moradores. Isto é diversidade de tipologia e eleva a qualidade das habitações”, explica o arquiteto.
As residências serão equipadas com placas solares usadas para o aquecimento de água, que é uma tecnologia muito eficiente e economicamente viável. Outro diferencial é a aplicação de telhados verdes, que colaboram para o conforto térmico, juntamente com outras questões estruturais que permitem melhor circulação do ar.
O escritório 24.7 Arquitetura é o responsável pelo desenvolvimento de um bairro sustentável na cidade de Campo Mourão, no Paraná. A proposta é criar um modelo de cidade compacta, com mescla de usos e atividades. Assim, os moradores poderão contar com toda a infraestrutura necessária para satisfazerem suas necessidades. Até as ruas foram planejadas para facilitar a locomoção das pessoas e principalmente incentivar o uso das ciclovias.
O projeto de Campo Mourão faz parte do programa “Minha Casa, Minha Vida”, por isso as residências serão comercializadas com valor médio de R$ 100 mil. Isso mostra que é possível produzir com qualidade e com um preço acessível, levando em conta a responsabilidade social.
Segundo Pelaio, o exemplo de Campo Mourão foi pensado para uma realidade específica, mas o seu conceito pode ser replicado em qualquer lugar do mundo.
Confira a entrevista completa com o arquiteto Giuliano Pelaio.
Por Thaís Teisen - Redação CicloVivo
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